PLANO AMBIENTAL E DE RECUPERAÇÃO PAISAGÍSTICA DA PEDREIRA DO DUNDO
A paisagem é caracterizada pela sua capacidade de resiliência e pela sua incessante procura por um equilíbrio, como tal, reveste-se de um dinamismo próprio. É natural que o Homem, enquanto elemento da paisagem, a transforme e se identifique afetivamente com determinadas paisagens. É também natural que a marca humana permaneça impressa na paisagem, sendo, porém, essencial que se assegurem todos os mecanismos característicos da paisagem (circulação de fluídos, preservação de ecossistemas etc.).
O conceito que cumprirá a recuperação desta parcela de paisagem incidirá nos seguintes aspetos:
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assegurar a drenagem de águas pluviais para as linhas de água próximas, evitando-se, desta forma, a criação de bacias de retenção de águas eutrofizadas;
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reduzir, sempre que possível, a altura dos degraus criados durante a fase de extração;
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minimizar a inclinação dos taludes, evitando situações de derrocada de rochas e/ou de ravinamento de solos;
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assegurar as condições ideais para que ocorra um repovoamento espontâneo com espécies florísticas autóctones que contribuirão para a fixação dos solos, reduzindo, consequentemente, a sua perda pela ação erosiva do vento.
Saliente-se que o vale do Rio Luachimo está classificado internacionalmente como IBA – Área Importante para as Aves (Important Bird Area), tendo-lhe sido atribuída a codificação IBA AO014. É, portanto, de sobeja importância que se preserve toda a biodiversidade característica desta zona e que assegura a sobrevivência da fauna local, nomeadamente da avifauna.
A modelação do terreno que se propõe foi desenvolvida considerando os seguintes objetivos:
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assegurar a drenagem superficial das águas pluviais;
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minimizar o impacte visual, mantendo uma aproximação à morfologia natural do terreno;
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obter uma topografia que se coadune com a paisagem envolvente, nomeadamente através da redução da altura dos degraus e da criação de plataformas que acompanham a morfologia natural do terreno.
Propõe-se que a zona adstrita à extracção de inertes se formalize através de terraços. Cada um desses terraços assumirá diferentes níveis altimétricos, permitindo a sua natural integração estética na paisagem envolvente. Estes terraços cumprem, durante a fase de extracção, a função de circulação viária e posteriormente definem uma estrutura de acessibilidades que permite a monitorização do comportamento regenerativo da paisagem.
A recuperação da galeria ripícola, considerando a fragilidade destes habitats, exige a implementação de medidas específicas.
Nas margens dos cursos de água a erosão hídrica é um aspecto que deve ser tomado em consideração uma vez que técnicas que prevejam somente a plantação de espécies vegetais poderá resultar no seu arrastamento pelas correntes hídricas.
Como tal deve proceder-se a um projeto de recuperação específico para esta área que preveja a estabilização dos taludes e a redução da velocidade de escorrência, reduzindo, assim, a probabilidade de arrastamento do material vegetal plantado.
Data | 2015